quarta-feira, 30 de abril de 2008

Aonde está minha máquina de xerox?

De tempo em tempo o coração bate. Junto com a batida vem o fluxo.
No repetimento, o novo surge. Com ele, o inevitável. Inevitavelmente, nos repetimos.
Frequentemente nada se cria, mas as vezes somos capazes de nos reinventar sem recair no que já foi feito, no que já foi dito. E qual a importância disso? Eu sei. Sei também que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é e imagino que seja igualmente delicioso ser o que não é, ou o que não imaginou que fosse. O fato é que ininterruptadamente nos refletimos. E a cada reflexo, nos projetamos em novos corpos. De novo, o novo. De novo, a repetição. No novo, o reflexo, a cópia exata com modificações já pensadas. Funcionamos como máquinas de xerox enfileiradas e num processo contínuo de trabalho, duplicamos, triplicamos, nos copiamos por bilhões de vezes e assim esquecemos de refletir. Apenas refletimos. Com o tempo, nos igualamos centenas de vezes e cada vez mais nos alegramos. E é na igualdade que se esconde a felicidade - motivo primeiro na escada das importâncias. Depois disso tudo, cansamos de nos refletir. Ficamos gastos, perdemos o brilho e enfim nos apagamos. Daí, o que resta são cópias, xerox...

terça-feira, 29 de abril de 2008

a estrela que não sou eu

Há milhares de milhas distantes, numa terra muito, muito distante daqui, existe uma estrela.
Desde pequena ela vive cercada pelo cerrado que acerta e a cerca de espinhos e poeira sufocantes. Tão distante, tão distante. Tão certa de que não está predestinada a apagar-se, a estrela ilumina os grãos de pó que a cegam. A estrela não sou eu. Nem poderia. Ela não tem meu nome. A estrela está sobrevivendo como nunca. Mas está tão distante. Tão distante que nunca poderia ser eu.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

a pé

Os pés caminham em direções interessantes. Os passos, um atrás do outro, um de frente pro outro causam a colisão.
Tropeços geram quedas. A queda é direto na ladeira que leva pra um buraco sem volta.
A volta, na verdade, depende do seu cérebro. Aquela história: On and on the beat goes...
Centenas de passos e sua perna endurece. Será a dor que a deixou assim, ou o processo contínuo de aperfeiçoamento dos seus músculos?
On and on the beat goes...
Diariamente, caminhe. Diz o médico.
Mas e o filósofo? Antonius Block sofreu por caminhar com a morte. No fundo ela só estava solitária e caminhava junto com o cavaleiro por necessidade. Quem diria, dona Morte tem desejos. E você?
No fundo, queria caminhar com meus pés, mas queria também que eles soubessem por onde ando. Eu não faço a menor idéia...

terça-feira, 22 de abril de 2008

across the universe

nothing is gonna change my world.