Há tempos que percebi que gosto de pessoas. Altas ou baixas, gordas ou magras, cultas ou feias, lindas ou estressadas, enfim, pessoas. Elas me intrigam e me despertam uma curiosidade imensa.
Já reparou que um ser humano tem uma incrível capacidade de ser único e multi ao mesmo tempo? Também tem o dom de ser gênio e ignorante, em assuntos específicos. Como não poderia faltar, ele também pode ser divino e diabólico ao dizer uma mesma frase. Acho que só aí tenho motivos suficientes para admirá-los (ou admirarmos, como queira).
Quando somos mais novos, somos uma euforia-contida ambulante: podemos rir alto, contar dezenas de piadas sem graça, sair durante a semana, nos dar ao luxo de dormir a tarde inteira, chorar no telefone, escrever cartas de amor eterno, e bla bla bla...
Depois, passamos a ter responsabilidades e o espaço da tarde nos é arrancado. Assim como os telefonemas, as piadas também devem são controladas. Com a idade, nos acostumamos a falar sério, a brigar pelos nossos direitos e a obedecer à ordens. No final do mês passamos a controlar os gastos, a ficar cansados e a esperar ansiosamente a data em que respiramos o sopro aliviante do patrão que nos paga pelas horas dedicadas.
Com o tempo, dizemos que não temos tempo. As horas passam e, juntas, nos acumulam anos longe dos nossos velhos amigos. E depois, quando envelhecemos, gastamos os meses com lembranças tristes, presas num silêncio amargo que nos faz parar e nos faz duvidar de uma vida inteira arrastada em valores efêmeros. E é aí que vem a pergunta: será que valeu a pena?
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